Em torno de 10-12% das pessoas são canhotas, o que está relacionado com a lateralidade e é uma habilidade inata. A determinação da lateralidade parece ter influência genética. Pais destros tem a chance de ter um filho canhoto em torno de 10%; se um dos pais é canhoto, 20% e se ambos são canhotos, as chances são de 26%.

Embora nosso mundo seja adaptado para destros, os pais não devem influenciar na lateralidade da criança e tão pouco isso deve ser motivo de preocupação, uma vez que a criança pode se desenvolver pedagogicamente sem dificuldades.

Podemos perceber a tendência da lateralidade da criança observando o modo como brinca e realiza as diferentes tarefas diárias como pegar um copo, comer, chutar, olhar por um buraco, montar blocos, desenhar, etc.

A lateralidade está relacionada com todo o esquema corporal da pessoa, tornando-a mais hábil na utilização de um lado do corpo para suas atividades diárias.A definição da lateralidade se constrói gradualmente nos primeiros anos de vida. Nos primeiros 2 anos ainda não há indicações claras.

O bebê e a criança pega, joga, chuta, explora o ambiente usando ambas mãos, pés, olhos e ouvidos. Dos 2-4 anos ainda usa ambos lados do corpo para atividades e começa mostrar alguma dominância. Com 4 anos já se utiliza de um lado mais que outro e com 6 anos a lateralidade já deve estar definida.

A lateralidade é homogênea quando mão, pé, olho e o ouvido oferecem uma dominância no mesmo lado, direito ou esquerdo. Quando há habilidades para usar diferentes lados do corpo para diferentes atividades chamamos de lateralidade cruzada, por ex. escrever com a mão esquerda e chutar com o pé direito. A lateralidade cruzada mão-olho tem sido implicada em dificuldades de aprendizagem, especialmente na leitura e escrita.

Pais e educadores podem auxiliar e otimizar o desenvolvimento pedagógico da criança canhota através de atividades que estimulem sua psicomotricidade de forma lúdica e prazerosa e, se, necessário adaptar algumas comodidades.

Não há nada de errado em ser canhoto e não é uma questão de preferência, e sim, de lateralidade!

Dra. Deborah Kerches
Neuropediatria e Saúde Mental Infantojuvenil
Especialista em Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Fonte visitada em 24/06/2022

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