Contribuição e revisão por Dr. Luiz Felipe Lynch
Você já escutou os termos “olho dominante” e “dominância ocular”, mas não tem certeza sobre o que eles significam ou como realizar um teste do olho dominante? Confira os princípios básicos…
Olho dominante – O que é isso?
Seu olho dominante é aquele que proporciona um nível um pouco melhor de envio de informações à parte visual do seu cérebro e transmite informações sobre a localização de objetos de forma mais precisa.
Na maioria dos casos, o termo “olho dominante” é usado para descrever a condição visual normal em que os dois olhos funcionam em conjunto e têm uma acuidade visual semelhante, e um olho é simplesmente o “líder” ou preferencial.
Mas às vezes, o “olho dominante” é usado para descrever o olho funcional e com visão normal em casos de disfunções como ambliopia e estrabismo.
Teste do olho dominante
Confira um teste simples do olho dominante para determinar qual é o seu olho preferencial:
- Estenda seus braços à sua frente e crie uma abertura triangular entre seus polegares e os dedos indicadores, unindo suas mãos em um ângulo de 45 graus.
- Com ambos os olhos abertos, alinhe essa abertura triangular com um objeto distante, como um relógio de parede e maçaneta.
- Feche seu olho esquerdo.
- Se o objeto permanecer centralizado, seu olho direito (o que está aberto) é seu olho dominante. Se o objeto não estiver mais dentro da estrutura feita por suas mãos, seu olho esquerdo é o seu olho dominante.
Confira outro teste fácil do olho dominante:
- Estenda um braço, com o dedão dessa mão levantado. (Você também pode usar seu dedo indicador em vez do dedão.)
- Com os dois olhos abertos e focados em um objeto distante, cubra esse objeto com seu dedão. (Não se preocupe se parecer que parte do seu dedão desapareceu, isso é normal.)
- Feche um olho de cada vez de forma alternada.
- O olho que enxergar seu dedão exatamente na frente do objeto, enquanto o outro olho estiver fechado, é seu olho dominante.
Esses dois testes do olho dominante são categorizados como testes de “visão”, já que eles envolvem o alinhamento de um alvo visual com um dispositivo de visão improvisado (simulando a “mira” do cano de um rifle).
Alguns estudos mostraram que testes do olho dominante, apesar de simples e geralmente precisos, podem ser afetados pela lateralidade (veja abaixo) e outros fatores não visuais.
Para evitar esses fatores de confusão, alguns pesquisadores discutem que testes do olho dominante que não usem a visão podem ser a forma mais precisa para determinar a dominância do olho (também chamada de dominância ocular).
Nesses testes, o sujeito mantém ambos os olhos abertos, e os estímulos visuais são apresentados a cada olho separadamente com o uso de dispositivos ópticos especiais. E essa é a limitação dos testes do olho dominante sem o uso da visão: os equipamentos e o conhecimento necessários para realizá-los são tipicamente encontrados apenas em clínicas de visão especializadas ou instalações de pesquisa.
Na maioria dos casos, os testes de visão simples como os descritos acima são capazes de identificar seu olho dominante.
Dominância ocular e lateralidade
Embora a dominância ocular e a lateralidade (ser destro ou canhoto) não estejam diretamente relacionadas, esses traços são significativamente associados.
Estudos populacionais mostram que 90% das pessoas são destras e cerca de 67%, têm o olho direito como o dominante.
Mesmo que a pesquisa tenha mostrado que a possibilidade de uma pessoa destra ter o olho direito como o dominante seja alta (aproximadamente 2,5 vezes maior do que a possibilidade de essa pessoa ter o olho esquerdo como o dominante), é impossível prever a dominância ocular com base apenas na lateralidade.
Nenhum olho dominante: É possível?
É possível não ter nenhum olho dominante? Talvez, mas isso é incomum.
Se um elevado grau de dominância não estiver evidente no exame do olho dominante, é bem provável que a pessoa tenha uma dominância ocular mista (também chamada de dominância ocular alternante), em que um olho é dominante para determinadas funções ou tarefas, e o outro olho é dominante em momentos diferentes.
Algumas pessoas podem realizar um teste de visão do olho dominante e observar que o alvo visual não está perfeitamente alinhado com a abertura triangular feita com suas mãos ou com o seu dedão (dependendo do tipo de teste de visão que ela está usando) para nenhum dos olhos.
Trata-se de um espectro de grau de dominância ocular entre os indivíduos. (O mesmo vale para a lateralidade.) Em outras palavras, algumas pessoas podem apresentar um olho muito dominante, enquanto outras podem apresentar uma diferença pequena de dominância entre os dois olhos.
Até certo ponto, no entanto, a dominância ocular está conectada ao nosso cérebro.
Dentro do córtex visual (a parte do cérebro que processa a informação visual) são faixas de células nervosas (neurônios) chamadas de colunas de dominância ocular. Essas faixas de neurônios parecem responder preferencialmente às informações que chegam de um olho ou de outro, e são importantes para o desenvolvimento da visão binocular.
Porém os pesquisadores também acreditam que existe certa sobreposição e plasticidade nessas colunas de dominância ocular, sugerindo que a dominância ocular pode ser variável, alternante e, talvez, incompleta em algumas pessoas.
Olho dominante no tiro, na fotografia e nos esportes
Então qual a importância na prática de se realizar um teste do olho dominante?
Saber qual olho é o seu dominante pode ajudar você ter melhor desempenho em uma variedade de atividades. Confira alguns exemplos comuns:
Olho dominante no tiro. Está com dificuldades para acertar os alvos móveis com seu rifle? Pode ser que você tenha dominância cruzada, o que significa que seu olho dominante e sua mão dominante são opostos.
Por exemplo, se você é um atirador destro (e portanto, usa o ombro direito), mas tem o olho esquerdo dominante, você pode estar atirando atrasado em um alvo que se move da esquerda para a direita, e adiantado em um alvo que se move da direita para a esquerda. Ao se conscientizar disso, você pode fazer os ajustes corretos para melhorar sua precisão ao atirar.
Outra opção para compensar a dominância cruzada é manter os dois olhos abertos até pouco antes do disparo. Manter os dois olhos abertos permite que você use 100% da sua visão periférica e percepção de profundidade para se preparar para o disparo. Fechar o olho esquerdo de dominância cruzada logo antes do disparo permite que você faça o último ajuste para alinhar melhor o cano do seu rifle com o alvo em movimento.
Olho dominante na fotografia. Saber qual olho é o seu olho dominante é importante ao compor uma fotografia olhando no visor de uma câmera digital de reflexo de lente única (DSLR) ou câmera de filme semelhante.
Usando seu olho dominante você conseguirá obter uma pré-visualização precisa da foto. Ao usar seu olho não dominante, alguns detalhes ficarão levemente descentralizados ou fora do enquadramento.
Olho dominante nos esportes. Se (como a maioria das pessoas) você é destro e tem o olho direito como o dominante, alguns esportes exigirão que você posicione sua cabeça adequadamente para aproveitar ao máximo seu olho dominante.
Por exemplo, no beisebol, softbol e críquete, você precisa virar a cabeça o suficiente ao rebater a bola para que seu olho dominante correto possa enxergar com clareza a rotação, velocidade e posição da bola arremessada.
Outro exemplo é o golfe. O alinhamento adequado dos putts (e até mesmo tacadas no fairway e drives) exige viradas específicas da cabeça para possibilitar o aproveitamento total do seu olho dominante para visualizar sua próxima tacada, e posicionar seu corpo e a cabeça do taco com a precisão necessária para realizá-la.
Se você leva os esportes a sério e está buscando orientação sobre como otimizar o uso dos seus olhos para melhorar o desempenho esportivo, considere visitar um oftalmologista especializado em visão para esportes.